Resumo:
O presente trabalho busca compreender a atuação clínica no que se refere a angústia, mais especificamente no atendimento psicoterápico com base no referencial teórico fenomenológico-existencial. Como caminho metodológico utilizou-se a revisão narrativa de literatura. Sendo assim, o primeiro passo foi buscar na filosofia Heideggeriana a compreensão das tonalidades afetivas que afinam a existência do Dasein com o mundo, mas especificamente resgatou-se a angústia como tonalidade afetiva fundamental. O segundo passo foi revisar o conceito de angústia na Daseinsanalyse clínica de Medard Boss, onde nota-se o distanciamento entre o pensamento de Boss e Heidegger no que concerne a angustia. Como terceiro passo, tendo em vista essa diferenciação, buscou-se autores que compreendem a angustia em contexto clinico não como característica de ser-doente ou limitação do Dasein, mas como forma de possibilitar a abertura do Dasein ao ser-no-mundo de forma própria optamos por Ana Feijoo que propõe uma clínica Daseinsanalítica na qual o que está em jogo é romper com os padrões sedimentados do modo de ser na cotidianidade, possibilitando o despontar das tonalidade afetivas fundamentais. Sendo assim, concluímos a existência de duas formas de se atuar clinicamente com pressupostos Heideggerianos: uma que compreende a angústia como patológica e busca sua eliminação através do abrigo, confiança e amor - a Daseinsanályse de Boss; e a outra que entendendo a angústia como tonalidade afetiva fundamental e busca a promoção da angústia na psicoterapia - a clínica com fundamentos das Daseinsanaliticos de Feijoo.