Resumo:
A separação da criança de sua família natural pode causar sofrimento, notadamente em situações que envolvem a violação de seus direitos, ou seja, quando o menor encontra-se em risco. O objetivo deste trabalho foi tecer uma compreensão a respeito das repercussões do processo de abrigamento no desenvolvimento emocional de crianças que vivem em abrigos. Trata-se de uma pesquisa teórica de base psicanalítica, realizada através de levantamento bibliográfico de autores clássicos da Psicanálise como Donald Wood Winnicott e autores contemporâneos como Elza Oliveira Dias dentre outros autores. Primeiramente, traz-se uma breve apresentação do "ambiente abrigo", cujo cotidiano deve ser norteado por diretrizes que visam a proteção da criança. Logo após, aborda-se o desenvolvimento emocional na perspectiva winnicottiana, em que este processo depende especialmente de dois fatores: a tendência inata ao amadurecimento e a existência contínua de um ambiente facilitador. Diante disso, faz-se uma discussão sobre o desenvolvimento emocional da criança que encontra-se institucionalizada. Compreende-se que o abrigamento ocorre quando a criança está em situação de risco. A miserabilidade afetiva, por vezes, vivenciada no abrigo e o rompimento com suas figuras de apego são prejudiciais ao seu desenvolvimento emocional. Entende-se ser fundamental capacitar os cuidadores para o exercício do seu trabalho cotidiano, mais especificamente, para o exercício da maternagem, a fim de minimizar as repercussões, por vezes, negativas no processo de amadurecimento. Por fim, ressalta-se que a falta de estimulação, do estabelecimento de vínculos afetivos seriam danosos ao desenvolvimento integral da criança, o que pode ser traduzido por um processo que tenderia à desindividualização.