Resumo:
A arte pode ser vista como algo que nos torna estrangeiros, como também o que nos aproxima de algo muito íntimo, assim como a psicanálise. Esta, cujo desdobramento vai para além da prática clínica na medida em que pensa o sujeito e sua relação com a cultura, procura analisar na experiência humana como a estética ressoa na subjetividade. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de conclusão de curso e tem como objetivo geral compreender e contemplar as formas às quais a arte está implicada na psicanálise. Com isso buscou-se analisar o que psicodinamicamente ocorre à pessoa quando se depara com a vivência artística, quer produzindo ou contemplando-a; o que pode estar subordinado à capacidade de criar; e em que
medida as experiências estética e psicanalítica partem do mesmo lugar. As formações do inconsciente de Freud demonstram o quanto somos determinados pelos mecanismos psíquicos, que extrapolam a singularidade e se interligam em um campo sustentado pela cultura, assim como aquela – a arte. Para além das postulações freudianas, Winnicott indica uma terceira área do ser humano entre a realidade objetiva e a subjetiva: a Área Intermediária de Experimentação, onde se evidencia o espaço potencial, a capacidade de criar, brincar e se utilizar da cultura. Para tal, a metodologia de trabalho adotada baseou-se em uma revisão narrativa de literatura com base em uma pesquisa exploratória da bibliografia voltada à obtenção e exploração de um panorama das contribuições teórico-científicas psicanalíticas associadas ao tema. Este estudo, portanto, procura expor algumas intersecções entre a arte e a psicanálise: inicia-se apontando a história da arte no campo da saúde mental (dentro das
mudanças ocorridas no contexto da reforma psiquiátrica e das novas formas de lidar com a loucura); apresenta os conceitos de Sublimação de Freud e Criatividade de Winnicott e; não obstante, indica a relação estreita que se estabelece entre o ato psicanalítico e a arte. Poder-se- á concluir, ao final, que os aspectos artísticos na psicanálise em seu trabalho clínico apresentam-na com o propósito de intensificar a vida interna dos pacientes e avivar a centelha de sua criatividade, além de, sobretudo, criar um jogo na relação analítica que permita um novo lugar frente a nós mesmos e ao mundo, favorecendo as experiências mutativas.