Resumo:
O presente trabalho tem como finalidade refletir sobre as particularidades da perda perinatal e seus impactos psicológicos causados em mulheres, destacando o vínculo mãe-bebê, a relação com objeto perdido (embrião ou feto) e a elaboração do luto através da perspectiva da psicanálise. O método de pesquisa deste estudo foi fundamentado no levantamento da literatura científica por meio da leitura de artigos científicos, livros, teses e dissertações. Deste modo foram utilizados autores, que abordam o assunto desta pesquisa, e a partir dessa busca, respondeu-se ao problema de pesquisa previamente estabelecido. A gravidez promove uma nova organização psíquica visando à construção do vínculo mãe-bebê e a interrupção brusca deste processo durante o período perinatal exige um trabalho de elaboração psíquica específico. A dificuldade em lidar com o óbito fetal afeta a todos os envolvidos, desde os familiares, aos profissionais da saúde. O processo de luto de uma mãe é demorado e se tratando de um luto perinatal, esse processo pode ser bem mais demorado. Destaca-se a particularidade na elaboração do luto nesses casos, pois algumas mães não chegam a ver seus filhos, dessa forma, dificulta-se a elaboração do luto, pois a mãe não criará lembranças de seu bebê para reviver as lembranças. Segundo autores da psicanálise, nestes casos, a mãe somente terá as fantasias e sonhos que gostaria de ter vivido com o filho, mas que foi interrompido. Devido ao grande impacto causado na vida da mulher, verificou-se que a psicanálise pode auxiliar na compreensão de como o laço mãe-filho é estabelecido, rompido e pode ser reconstituído no contexto do luto.