Resumo:
O objetivo deste trabalho foi observar como ocorre o mecanismo psicanalítico da transferência na relação de uma criança com paralisia cerebral e seu mediador. O mediador acompanhou um menino de cinco anos, diagnosticado com paralisia cerebral, durante todos os dias do ano letivo, ajudando-o na sua locomoção, alimentação, atividades lúdicas e acadêmicas. No início houve uma transferência negativa, demonstrada por crises de choro e agressividade. Após algum tempo, a transferência passou a ser majoritariamente positiva, até o ponto de a criança chamar o mediador de pai. Durante esse período, o menino adquiriu mais autonomia e criatividade, mas também demonstrou resistência em esforçar-se. É importante que um mediador entenda sua relação com a criança para contribuir em sua autonomia e não torná-la um objeto exclusivo de seus cuidados.